sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Meu cabelo é vítima




Ninguém pode chamar meu cabelo de ruim
 
Ninguém deve usar seu ácido pejorativo
 
Para me depreciar
 
 
Eu sou eu do meu jeito
Não me importo com a sua forma de ser você
O papo é reto e direto
Se te gosto,
Junto me a ti.
Caso contrário,
Esqueço que um dia te conheci
E pronto.
Ninguém sai ferido.
 
Se não me gostas
Não fique por aí caçando motivos
Para justificar sua péssima escolha.
Assuma-se
 
Pratique seu direto de optar,
Mas seja firme e não se entregue
À tentação
De usar o meu tipo
Físico, étnico, político, psíquico e pessoal de ser.
Não seja ruim.
 
A maledicência é uma arma perigosa há séculos.
Não use o meu cabelo ou minha pouca cintura
Para tributar o que despertou sua ira.
Meu cabelo é inocente
 
Posso jurar que nunca fez mal a ninguém.
Meu cabelo é vítima do julgamento alheio.
Ruim é aquele que o acusa.
 
Prove-me algum mal
Já praticado pelo meu cabelo?
 
Vivian Kosta
27.09.2014
OBS: imagem da internet

sábado, 27 de setembro de 2014

Criança em Mim


 

Inocência protetora
Que torna o mundo mais doce
Inocência que faz
Querer e poder tudo
Que não revela o lado obscuro
E que evapora aos poucos
Para que se possa se adaptar,
Crescer, adultar

 Eh criança bonita
Criança de luz
Que ainda habita dentro de mim
Por causa de ti, minha criança
Ainda sorrio, me divirto
Até com pequenas coisas sem sentido

 Eh espiritinho
Que mantém minha esperança
Às vezes venda meus olhos
Adoça meus julgamentos

 
Eh criancinha
Que se manifesta no bico que faço
Na pirraça com a qual resisto
Aquilo que não concordo
E até quando meus olhos
Brilham numa doceria
 

É, de fato uma criança habita em mim
Ela não cresceu
Não amadureceu
Apenas se escondeu
Com medo do mundo
 

De vez em quando
Ela se mostra
E é nesses momentos
Que me sinto mais feliz
E emano o que tenho de melhor
 

É uma pena
Que quando criança
Não sabemos que estamos
Na melhor fase da vida
Quando percebemos
Já passou
E aquela criancinha que fomos
Já se escondeu.
 

Nada de brinquedinhos,
Todos os amigos são visíveis,
O faz de conta não existe,
E nos tornamos os únicos
Responsáveis por nós mesmos.
 

Não seja por isso,
Minha criancinha.
Quero-te viva,
Mesmo que escondidinha,
Mas muito presente no
Meu coração, sua moradia.
É o nosso lado criança
Que torna nossa vida
Mais bonita!

 

Vivian Kosta
27.09.2014
OBS: Imagem da internet.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Mulher da Rua


 
Majestosa e sem pudores,
De empáfia sem igual,
Olha por cima do ombro,
Com deboche,
Gargalha sem avisar.
 

Eh Rainha dos legbaras!
Seu negócio é rodar.
Um pito aqui e um gole ali,
Não percebe a noite passar.
 

Valente e impiedosa
Cobra custe o que custar.
Quem está contigo se protege.
Quem não está fica entregue.
 

Eh Rainha dos legbaras!
Não resiste a um agrado.
Um batom, um perfume,
Tudo para se enfeitar.
 

Transita no submundo.
Mensageira.
De todo jeito se manifesta.
Sua mão na cintura é um ícone.
Sua saia rodada um lustre.
 

Eh Rainha dos Legbaras!
Difícil é não te reconhecer
Seus trejeitos únicos te identificam,
Quem te deve sempre vai temer.
 

Eh Rainha dos Legbaras!
Cirandeia até a noite acabar.
Leva os recados,
Traga as respostas
E não deixe nunca de gargalhar!

 

Vivian Kosta

19.09.2014

OBS: Imagem da internet.

MARIONETE


 
Maquiagem não é disfarce.
Não deveria ser.
Creio que o objetivo
seja reforçar o que de fato você é.
Emoldurar uma obra de arte.
Há distorções e contradições.
O uso, o abuso ou o mau uso
Tem o poder de definir
A função de qualquer coisa.
 

Nos campos de concentração,
Mulheres apavoradas e
Despertas pelo instinto de sobrevivência,
Furavam seus dedos
Criando um pacto de vida ou morte
Para que seu próprio sangue
Roseasse seus semblantes
Disfarçando o desespero
Em faces que passavam
Serem mais belas e menos sofridas.
 

Entre a simplicidade das mulheres indígenas
De beleza sutil e artística
Os riscos e traços em tintas
Anunciam o estágio de sua vida,
Sua família, seu pertencimento.
 

Na diversidade Oriental,
Entre gueixas e islâmicas,
Umas exageradas e outras proibidas,
A maquiagem não deveria interferir para macular a beleza.
 

A pele mate das semi deusas hindus
É invejável, com seu olho sagrado bem demarcado
Assim como a riqueza da beleza marroquina
Que entre muitas,
Desperta o interesse ocidental.
 

As ciganas colocam alegria
Na quantidade, na intensidade
E na forma que costumam se emoldurar.
 

Na África Negra a pintura mais sagrada
Era a da iniciação de um filho de fé
No mundo yorubá
A muzanza gotejada em branco
E a cabeça em brilho
Sem nenhum pelo
Refletia a devoção.
 

Atualmente ,
Já é regra. Maquiar-se,
Disfarçar-se, mascarar-se,
É quase uma obrigação.
Daí surge o contraponto
Porque em meio a tantos
Pincéis, tons e nuances,
A mulher real se perde.
Se for necessário passar
Milhares de camadas de produtos
Para sair á rua,
Não se engane.
 

Você não está encarando o mundo
E mostrando quem tu és.
Sua insegurança saiu na frente
E você saiu de casa
Como um retrato
Daquilo que o mundo quer
Que você se torne.
Uma marionete.
Tenha um objetivo,
Emoldure-se,
Mas não se esconda.
A obra de arte é você!

 

Vivian Kosta

19.09.2014

OBS: imagem da internet.

Medo


Arrepio,
Fraqueza,
Vazio no estômago.
Vontade de sumir,
Voar, deixar de existir.
Vontade súbita de acordar
Como quem foge de um pesadelo.
Vontade de chorar
E ser acolhida em um colo protetor.
Às vezes o medo é tão gigante,
Que instantes eternos,
Imprimem-nos sofrimento profundo,
Fazendo-nos entender
Que somos incapazes,
Frágeis e até inúteis.
Outras vezes é exatamente
Este vilão que nos torna mais fortes.
O medo cresce junto com a gente,
Explorando cada experiência,
Atormentando-nos a cada oportunidade.
O medo enraíza, entranha, invade.
Quando domina, faz o mais forte tremer.
Quando se concretiza, impede a pessoa de viver.
O medo é como um bom tempero,
Apenas uma pitada e transforma,
Motiva, incentiva...
Mas quando passa do ponto
Estraga tudo,
Fica mais presente do que necessário,
Assombra,
Constrói uma parede de aço invisível,
Intransponível
Que só pode ser vencida,
Após a resolução dos enigmas da mente.
O medo pode deixar uma pessoa só
Apesar da multidão a sua volta,
Porque é pessoal, particular,
Peculiar, individual.
Apesar de temer as mesmas coisas
O medo de uma pessoa jamais
É igual o da outra.
Não sei se cada um tem o medo que merece,
Mas não há dúvida
De que cada um tem o medo que alimenta.



Vivian Kosta

18.09.2014

 

OBS: imagens da internet

Busca do Impossível


 
Como um cisco no olho
Que faz latejar,
Incomodar, sofrer
Sigo firme em meus propósitos.
Insistente.
Obstinada.
Não me importo com a sensibilidade.
Meu foco é objetivo.
Não sinto.
Não vejo.
Só sigo.
A intenção é fazer acontecer.
Vou à busca do impossível
Porque sei que está escondido,
Em algum lugar,
Bem mais próximo do que imaginamos.
E é alcançando o impossível
Que a minha vitória ganha mais prestígio.

 

Vivian Kosta

15.09.2014

OBS: imagens da internet.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Guia Mi Maió




Iopondá!
Rio de Ouro.
Sua cachoeira de lírios me encanta!
Calma, tranquila,
Seu domínio é uma surpresa.
As águas mais revoltas
Estacionam ao seu olhar.
 

Opará!
Sua beleza se espalha
Pelas piscinas naturais
A vibração que emana
De sua água é enfeitiçante
 

Ipetú!
Dança minha deusa!
Roda minha mãe!
Seu banho é perfume só.
 

Iberin!
Sincretizada ou não,
És sagrada.
O seu espelho duplica
Tudo o que há de bom.
 

Ayalá!
Poucos resistem
Aos seus desejos
E até os deuses
Disputam sua atenção.
 

Ijumú!
Sua sutileza é uma marca.
Sua vaidade, uma aventura
Sua doçura, uma benção.
Siga divina rainha!
E cuida dos meus sonhos,
Pois és minha guia!

Vivian Kosta

10.09.2014

OBS: Imagem da internet.

 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

A verdade e a mentira




Não deixe a verdade se afastar.
Ela nem sempre é agradável,
ás vezes é dura,
mas é sua melhor amiga.
A mentira?
Ah a mentira é aquela,
preguiçosa e fofoqueira,
que faz você acreditar
que a verdade está errada
e fica lá, prostrada
com suas pernas curtas,
esperando você sentir
vergonha de si.

Vivian Kosta
09.09.2014

OBS: Imagem da internet.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Rainha de Prata



Terra cobiçada de solo brilhante,
Parece-me sempre iluminada.
De onde faz surgir tanta luz?
 

Antônimo do Sol.
Seu brilho é frio e elegante,
Grande prateada!
 

Morada de um deus guerreiro,
Mortalha de um dragão,
Rainha das lendas.
 

Seu mistério é o berçário de muitas histórias.
De fases exuberantes,
Clareia!
 

Satélite natural,
Fetiche astral,
Poderosa!
 

Instiga o lobo que há em todos,
Altera o nível dos mares,
Interfere nos ventres gestantes!
 

Seu manto de metal
É cúpula aconchegante
Que orna todas as noites!

 

Vivian Kosta
09.09.2014
OBS: Imagem da internet.

Soneto do Fim da Existência




Sinto uma pressão imensurável no peito.
Incontestável incômodo.
Amiúde encolho.
Aos poucos me quebro.
 

Já pequena e insignificante,
Sinto-me minusculinizar.
Sem esforço, desapareço.
Ninguém mais me ver passar.
 

Sem presença ou expressão.
Sem carisma ou pulsação.
Não me comparo não ao ar.
 

Adoeço-me melancólica,
E aos poucos em nada,
Percebo-me transformar.

 

Vivian Kosta
09.09.2014

OBS: imagem da internet.

domingo, 7 de setembro de 2014

Poetizar





Poetizar é a abrir uma janela para dentro de você mesmo.
Um poeta sente com intensidade cada letra que escreve.
Um poeta realiza antes de sonhar.
 

Poetizar me fez conhecer o melhor que tenho
Entendi que minha fraqueza mais sutil
É a melhor das minhas forças.
 

Poetizar me permitiu positivar
Cada ponto negativo
Fez-me entender que posso transformar.
 

Poetizar me conduziu para um mundo
Onde há poucos
Poucos que sentem como eu.
 

Poetizar me mostrou que posso fazer
Da lágrima que caiu
Um bálsamo no verso.
 

Poetizar me ensinou que há poesia em tudo.
Cercada, me entrego.
As palavras se encaixam,
É como mágica.
 

Não há lugar,
Não há momento.
Para o poeta
Poetizar é respirar!


Vivian Kosta
07.09.2014.

OBS: imagem da internet

Cobranças




É incrível como me cobras.
Horários, compromissos, adultez...
É incrível como me olhas,
Cerceando-me, forçando-me, limitando-me.
É incomodo a ameaça silenciosa
Interpreto.
Sei tudo o que devo,
Sei como devo agir,
Sei como devo ser, sei como devo fazer...
No entanto, todavia, porém e contudo,
Discordo.
Não quero cobranças e deveres.
Não faço negócio.
Se por um acaso,
o que vivo se tornar uma dívida,
É melhor não viver.
Ao invés de cobrar dívidas e deveres,
Deveria se ocupar de sentir.
Não se trata de contratar uma rotina.
O trato aqui é para se viver sentindo a vida.
Já deixei de fazer o que deveria
Para ter um minuto a mais do seu amor,
Mas agora, me descubro devedora.

 
Vivian Kosta
07.09.2014

OBS: Imagem da internet

Desapego



Sinto-me cansada e pensante,
Impotente diante da surpresa
Que tanto me desagradou.


Depositei confiança
Na caixa errada.
Canalizei energia
Para quem não precisava.

 
Chega o momento,
Toda certeza se transfigurou em dúvidas.
Por quê?
Para quê?

 
Cabisbaixa reluto
Insisto para não cair
No limbo do sofrimento
Mas, confesso:
Não compreendo
Tamanho desapego.

 
Vivian Kosta
07.09.2014

OBS: Imagem da internet.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014



Mesmo sem perceber,
somos tão capitalistas,
que até em um momento de crítica,
confundimos dinheiro
com felicidade!

Vivian Kosta
05.09.2014

OBS: Imagem da internet

O Mago




O fluminense mais carioca que conheço.
A cidade maravilhosa conheces
Como as palmas de suas mãos.
 

Ainda menino, sofrido
Despertou para seu dom,
A comunicação.
 

Avançando na vida,
Seu relacionar se ampliava.
Já não restava dúvida.
Era um artista.
 

Falava com as flores,
Encantava com as flores.
E assim ornamentou
Momentos especiais
Da vida de muitos.
Sua arte está presente
Em cada lembrança.
 

No entardecer da vida
Escolheu a música
Como cabana solitária
Onde se repensa e
Se reencontra.


Nas alegorias,
Nos esplendores,
Na harmonia do carnaval
Se contemplou.
 

Timbrou com cultura
Toda sua família.
Sua descendência
Há de saber sempre quem tu és...

Meu Mago.

Vivian Kosta.

05.09.2014

 

OBS: imagem da internet.

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O Tempo




O tempo cisma em fugir.
Escapa facilmente.
Na mais simples distração,
Ou num piscar de olhos,
Nos perdemos.
E o tempo parte.
Insiste em contrariar,
Basta eu gostar
E ele passa ligeiro,
Mas se eu odiar,
Retarda quase por inteiro.
Não entendo o tempo.
Invisível,
Abstrato,
Intocável,
Mas se faz presente.
O tempo marca, identifica.
Por mais que se esforce,
O tempo não disfarça.
É imperativo.
Quando preciso de muito,
Não tenho nenhum.
Quando não aguanto nem mais um minuto,
Parace a eternidade.
Não sei se perco
Ou se ganho.
Só sei que está agora comigo,
Sem alarde,
passando silencioso!

 

Vivian Kosta

04.09.2014.

OBS: Imagem da internet.