quinta-feira, 18 de setembro de 2014

MARIONETE


 
Maquiagem não é disfarce.
Não deveria ser.
Creio que o objetivo
seja reforçar o que de fato você é.
Emoldurar uma obra de arte.
Há distorções e contradições.
O uso, o abuso ou o mau uso
Tem o poder de definir
A função de qualquer coisa.
 

Nos campos de concentração,
Mulheres apavoradas e
Despertas pelo instinto de sobrevivência,
Furavam seus dedos
Criando um pacto de vida ou morte
Para que seu próprio sangue
Roseasse seus semblantes
Disfarçando o desespero
Em faces que passavam
Serem mais belas e menos sofridas.
 

Entre a simplicidade das mulheres indígenas
De beleza sutil e artística
Os riscos e traços em tintas
Anunciam o estágio de sua vida,
Sua família, seu pertencimento.
 

Na diversidade Oriental,
Entre gueixas e islâmicas,
Umas exageradas e outras proibidas,
A maquiagem não deveria interferir para macular a beleza.
 

A pele mate das semi deusas hindus
É invejável, com seu olho sagrado bem demarcado
Assim como a riqueza da beleza marroquina
Que entre muitas,
Desperta o interesse ocidental.
 

As ciganas colocam alegria
Na quantidade, na intensidade
E na forma que costumam se emoldurar.
 

Na África Negra a pintura mais sagrada
Era a da iniciação de um filho de fé
No mundo yorubá
A muzanza gotejada em branco
E a cabeça em brilho
Sem nenhum pelo
Refletia a devoção.
 

Atualmente ,
Já é regra. Maquiar-se,
Disfarçar-se, mascarar-se,
É quase uma obrigação.
Daí surge o contraponto
Porque em meio a tantos
Pincéis, tons e nuances,
A mulher real se perde.
Se for necessário passar
Milhares de camadas de produtos
Para sair á rua,
Não se engane.
 

Você não está encarando o mundo
E mostrando quem tu és.
Sua insegurança saiu na frente
E você saiu de casa
Como um retrato
Daquilo que o mundo quer
Que você se torne.
Uma marionete.
Tenha um objetivo,
Emoldure-se,
Mas não se esconda.
A obra de arte é você!

 

Vivian Kosta

19.09.2014

OBS: imagem da internet.

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