terça-feira, 26 de agosto de 2014

Homenagem aos Ancestrais




De repente me dei conta, vim de longe.

Caminho desde meus ancestrais.

Faz muito tempo.

Também sou daqui, Pois essa terra era a mesma

De onde vim.

Uma regressão me ajuda a ver os semblantes assustados,

Corações agoniados, os reféns já estavam prontos para serem embarcados

Para o desconhecido.

Antes, porém era necessário dar a volta sagrada na árvore do esquecimento.

Deixando para trás tudo o que conhecia até o momento.

Os reféns deixaram de ser.

Os reféns deixaram de existir.

Os reféns não podiam sequer sentir.

A pitada de sal na boca garantia na fé

O fim do risco de uma morte pagã.

O oceano extenso esperava sorrateiro

As embarcações que se destinavam ao novo destino,

De todo um povo,

Toda uma linhagem,

Toda uma cultura.

Entre pesadelos, doenças e os solavancos marinhos,

Os resistentes aportaram, os resilientes sobreviveram

À amargura, à dor, ao desprezo.


Eu os agradeço e, ao mesmo tempo, me reconheço como o

Principal suspiro de força, pois se existo, nasci do mais forte.

Represento os melhores, os mais capazes.

Daí me pergunto: Por que a necessidade de incutir a inferioridade em mim?

Fui capaz de vir aos poucos, como vítima hedionda,

Lá de outro continente

E não vai ser agora que me entregarei,

Represento um grupo

Daqueles ancestrais que decidiram

Lutar para sobreviver e que me deram a liberdade como presente.

Portanto, para aqueles que tem algo contra,

Vai meu recado:

Engulam-me.

 

Vivian Kosta

OBS: Imagem da internet.
 

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